30.5.12


Muita gente que justifica a internet como perigo para a saúde social do mundo lembra e cita as redes sociais. Algumas delas como Facebook, Orkut (quando ainda era usado), MySpace e afins. Pois nossa homenageada de hoje veio justamente delas e virou fenômeno no mundo: Lilly Allen. A jovem cantora de 27 anos nascida na Inglaterra é um dos maiores exemplos de que o mundo atual gira em torno, entre outros meios, da grande rede mundial de computadores.


Página da Lily Allen no MySpace

Essa londrina com jeito de menina ganhou fama após clipes e músicas postadas em seu perfil no MySpace, no ano de 2005. Foram dezenas de vídeos com canções autorais e covers. Apesar de não tocar nenhum instrumento, Lily Allen sabe ler música e garante que toda a inspiração e musicalidade a ajuda na hora de construir a melodia.

Com milhares de visualizações em pouco tempo, chamou a atenção da gravadora EMI Music, que através do selo Capitol Records lançou o primeiro disco da cantora, o Alright Still. O sucesso foi imediato, com mais de cinco milhões de cópias vendidas pelo mundo, graças ao single "Smile". A própria mídia especializada em música se mostrou surpresa com tamanha vendagem, haja vista que Allen surgira num espaço de fácil pirataria, a internet. E foi justamente focada no combate a ela que a jovem lançou seus discursos pós-My Space. Lily sempre foi contra o uso da grande rede para troca de músicas.

Capa do primeiro CD: "Alright Still"

As músicas "Smile" e "LDN" atingiram os topos das paradas na Europa e EUA, lançando para o cenário internacional a jovem cantora de então 21 anos. Com um som que mistura Pop, Jazz e um pouco de Ska, o invador estilo eclético lançou sobre o mercado fonográfico não só uma nova tendência em busca de talentos, mas também "oxigênio" para velhos modelos. Sucesso entre os jovens, adolescentes e até crianças, Lily Allen ditou o ritmo musical novamente oriundo de terras inglesas. Com diversos artistas em destaque, como Radiohead, Amy Winehouse, Joss Stone e Coldplay, especialistas diziam ser "uma nova onda britânica invadindo a música do mundo".

De personalidade forte e muito autêntica, Lily Allen sempre ganhou o público por suas declarações que não "faziam média" e bastante inspiração musical. Entre seus amigos pessoais estão Elton John, que ganhou até música da cantora. O mesmo jeito fora dos holofotes é em cima do palco, com discursos de protesto e até declarações de levar a platéia ao delírio. Uma delas foi em 2009, na Austrália, quando brincou com os marmanjos dizendo que "as mulheres eram as dominantes no mundo e eles deveriam lidar com isso daqui para frente". Euforia geral e muitas risadas.
Em 2007 Lily Allen fez seu primeiro show no Brasil em turnê cercado por polêmica e repercussão. A principal razão foi por ter cantado embriagada. Allen sempre foi criticada pelos excessos e mais uma vez estava dando razão aos críticos. Ainda por aqui, ela declarou ser apaixonada pelo país e que era um dos locais preferidos para passar férias. A essa altura do sucesso, alguns colocavam a cantora junto de Amy Winehouse no hall das novas vozes da Inglaterra. No mesmo ano foi convidada para cantar no concerto em Tributo a Princesa Diana, em Wembley. Na ocasião, sua perfomance foi elogiadíssima pela crítica. No ano seguinte é indicada ao Grammy de Melhor Álbum de Música Alternativa.
Com a fama veio também os primeiros problemas. A então também recém-famosa Katy Perry fez declarações que deixaram a mídia sensacionalista feliz da vida. Perguntada sobre seu sucesso, a californiana descreveu seu estilo como sendo "uma versão mais magra de Lily Allen e um pouco mais gorda que Amy Winehouse". A afirmação gerou grande mau estar entre ambas e a nossa homenageada da coluna não gostou nada.

Em seu Twitter oficial, Lily disse ter o telefone de Perry e ainda a ameaçou, numa entrevista ao tablóide "The Sun": "Tenho o número da Katy Perry, alguém me fez um favor! Estou só à espera que ela abra a boca novamente e coloco o número dela no Facebook". Estava declarada a guerra. A vingança viria em outra entrevista, desta vez para uma rádio da Inglaterra. Perguntada sobre a briga entre as duas musas, a britânica não deixou por menos: "Minha gravadora queria alguém de personalidade como a minha na América. E aí encontraram a Katy. Só que, ao contrário de nós duas, você não escreve suas músicas. Então cale-se!". Desde o "duelo", Katy mudou o estilo vocal, de se vestir e principalmente de se relacionar com seu público. Agora, figurante do chamado estilo "Slut Singer" (junto de outras cantoras pop como Lady Gaga e cia) , Perry parece ter deixado em paz sua rival.
Lily Allen x Katy Perry: As musas que disputavam corações e mídia
E não foi o único problema pessoal que Lily teve que enfrentar. Por duas vezes sofreu um aborto espontâneo, o que a levou a cada vez mais a beber e fumar. O primeiro foi em janeiro de 2008, quando estava com quatro meses de gravidez. O segundo em 2010, aos seis meses. Nesse intervalo de tempo, seu sucesso aumentou ainda mais, chegando a ganhar um programa de TV chamado "Lily Allen and Friends".

Não esquecendo as origens cibernética, em 2009 lança seu segundo CD, o "It's not me, It's you", que vendeu quatro milhões de cópias e teve primeira divulgação pela internet., no mesmo MySpace onde tudo começou. Conseguiu dois singles nas paradas, "Fuck You" e "The Fear". Aclamado, o trabalho é amplamento divulgado e Lily Allen ganha em 2010 o Brit Award de Melhor Artista Britânica Solo.

Capa do segundo CD: "It's not me, It's you"
De volta ao Brasil para mais dois shows, em São Paulo e Rio de Janeiro, Lily encontra um público ainda maior e mais visibilidade local. Desta vez com boa desenvoltura, a crítica destacava seu amadurecimento, mas também reclamava do pouco tempo de duração do espetáculo (pouco mais de uma hora). Com visual diferente do "estilo namoradinha" que a consagrou, Allen mostrou ousadia e novas faces. Carismática como sempre, seus fãs poucos ligaram para tudo isso.

Em 2011 realiza o sonho de ser mãe, com o nascimento da pequena Ethel Mary. Mas com o bebê vem uma notícia ruim para os fãs: temporariamente Lily Allen estaria afastada dos palcos, por vontade própria para dedicação à família. Segundo informações da imprensa inglesa, a chegada de sua filha fez com que a cantora mudasse seus hábitos radicalmente, como parado de beber e até com vida reclusa, menos polêmica.

Os anos de 2012 e 2013 são aguardados com muitas expectativas, pois Lily pode divulgar que voltará a cantar em breve e um novo CD/turnê também. É aguardar que o talento de uma voz doce e que arrancou suspiros em meio mundo volte aos ouvidos dos fãs...


22.5.12


Foram divulgadas algumas estatísticas sobre o Twitter no ano de 2012, durante o #Twitter4Brands. O encontro ocorreu durante a Internet Week de Nova York, realizada entre 14 e 21 de maio.

- Twitter tem mais de 140 milhões de usuários ativos

- 55% dos usuários acessam o Twitter em dispositivos móveis, com crescimento de 40% a cada trimestre

- O número de tweets a cada três dias chega a 1 bilhão

- 60% dos usuários tuítam algo; 100% leem as publicações dos outros

- 79% das pessoas seguem marcas para ter acesso a conteúdo exclusivo, como promoções, por exemplo

- Durante o Super Bowl (final do principal campeonato de Futebol Americano), um a cada cinco anúncios continham uma #hashtag

- O percentual de engajamento dos tweets patrocinados varia entre 1% e 3%

Essas estatísticas do Twitter são bem atualizadas, uma vez que a divulgação aconteceu no dia 21 de maio de 2012 num evento promovido pela própria empresa.

Os números comprovam a teoria dos estudiosos de redes sociais, de que o Twitter atualmente é a mais ativa rede de informações e com maior influência sobre discussões pela internet. Vale lembrar que o Twitter, mesmo sendo bloqueado parcialmente ou por completo em alguns países, é a voz ativa/participação de muitos no movimento mundial.

16.5.12


Hoje pela manhã me surpreendi ao ouvir um amigo dizer que desconhecia um dos mais originais, talentosos, criativos e inspirados movimentos da música brasileira: Manguebeat.

Há correntes que afirmam que o Manguebeat teve início na década de 70, com o Robertinho do Recife, primeiro músico a mesclar ritmos e gerar um novo a partir deles. Porém, o Manguebeat teve impacto em Recife, no início da década de 90, com misturas de sons que formavam uma simbiose entre Rock, Hip-Hop, Maracatu e Lounge e Batidas Eletrônicas. O nome do movimento já é um cartão de visitas da criatividade dos músicos, que faz referência ao mangue, segundo os ambientalistas, o ecossistema mais rico do planeta. Com essa analogia, os pioneiros queriam que o manguebeat formasse o "ecossistema musical mais rico do planeta".

Isso aconteceu após o manifesto do movimento Manguebeat, o Manifesto dos Caranguejos com cérebro. Chico Sciente e Fred Zero Quatro cobravam nele melhorias sociais na vida da população e todo cidadão brasileiro. A presença da tecnologia é uma marca do movimento, que engajava-se para a melhor exploração do mangue e alertando a todos que ali encontra-se os Caranguejos com cérebro, sempre antenados e com afirmação sobre o que acontecia no Brasil. Assim como o mangue original serve como uma "esponja", sugando tudo o que tem no mar e floresta, transformando em vida, o som criado pelos artistas era um reflexo de tudo pré-existente em volta. (Bem como o espírito da Antropofagia na Semana de Arte Moderna de 1922). Por esse motivo, o símbolo do Manguebeat é um carangueijo, habitante do mangue.

Essa ideologia contra-cultural, quase um protesto para o esquecido Nordeste do Brasil, agitou de forma pesada o cenário das artes, cinema, moda, social e até político de Pernambuco, novamente o colocando no cenário da cultura do país. Para situarmos o poderio cultural do movimento, a primeira transmissão de web rádio, mesmo que embrionária, foi no Manguebeat. A Manguetronic, que em abril de 1996 veiculava pela primeira vez um programa exclusivamente pela web, jogou na grande rede a nossa música.

Desse furacão cultural, o maior nome da massa que se formou foi o do Chico Science e a Nação Zumbi. São pedras fundamentais de cultura e muita influência ainda hoje na musicalidade nordestina/brasileira. Junto do Raimundos e Planet Hemp, Chico e a Nação Zumbi era o que tinhamos de mais criativo e vivo na música do Brasil durante a década de 90. Bem como o Tropicalismo, Bossa-Nova e outros ritmos que são genuinamente tupiniquim, a expressão popular foi marca e o colocava em um patamar superior quanto a música nacional.

Chico nos deixou prematuramente em 1997, num acidente de carro, mas a Nação Zumbi continuou, bem como o Manguebeat. A base cultural e a prova de que podemos sim reinventar o nosso som e, principalmente nossa cultura, ficaram para sempre. Injustamente, o movimento perdeu força por conta da discriminação que sofre o Nordeste e a necessidade comercial das gravadoras. Mas como tudo se reinventa, com a chegada da internet, aquela mesmo que foi aliada há 16 anos do Mangue, volta a ter importância e divulgar novos músicos.

A música "Maracatu Atômico" é até hoje a música símbolo do Manguebeat, ganhando importância mundial ao ser o tema de encerramento do filme "Senna", sobre o ex-piloto de Fórmula 1.



Show completo do Chico Science e Nação Zumbi, no Hollywood Rock in Concert, em 1996

8.5.12

Mais ou menos, apenas para uma apresentação com Lemmy, Slash e Dave Grohl:

1.5.12


Nessa mesma data, há exatos 18 anos, mas precisamente pela manhã, o Brasil perdia um dos grandes heróis modernos: Ayrton Senna da Silva.

Um legítimo representante brasileiro, tanto na personalidade forte, quanto na vontade de nunca desistir, só poderia se chamar Silva. Um Silva como eu. Um Silva como muitos que vão ler esse post e milhões de outros que não vão. Mas todos nós temos em comum o nome, a esperança e o sonho de ser o melhor... Sempre. Nessa última frase consegui resumir o que foi um piloto que saiu das listas e estatísticas, após uma forte batida na maldita curva Tamburello, e entrou para a história. Morreu o homem, nasceu o mito.

Quem viu o homem, com certeza chorou sua morte. Quem só viu o mito, pode ter certeza, ele realmente foi tudo isso que falam dele.

A cada domingo dos sofridos e tristes anos finais da década de 80 e início da de 90, a única alegria de um povo era ver a bandeira do Brasil sendo carregada por um piloto por todos os autódromos do mundo. Carregado mesmo, literalmente. A cada vitória, lá estava ela. Foi a válvula de escape de uma população abandonada, traída e sacaneada pelos seus governantes, mas que se apegou a um ídolo que, em meio às vergonhas que tinhamos aqui, nos colocava em um patamar que poucos conseguiram: de orgulho mundial.

Reverenciado por todos, até inimigos e rivais, como Alain Prost, maior adversário e uma das maiores disputas da história do esporte. Diria um dia o francês: "Qualquer adjetivo para descrevê-lo é insuficiente, ele foi maior que qualquer um."

Mesmo Mansell, o Leão, apelido em referência a sua bravura nas pistas, não foi capaz de pará-lo. E ainda Piquet, com quem foi protagonista ao lado de Senna da mais espetacular ultrapassagem da história da Fórmula 1. Um quarteto soberano, mas só mesmo um herói nacional se destacaria em meio aos maiores de todos os tempos...

Senna, Prost, Mansell e Nelson Piquet (da direita para a esquerda)

Hoje, 18 anos após sua morte, a saudade a cada domingo parece aumentar. Ligar a televisão e não ver seu capacete verde e amarelo (nas cores do Brasil) faz a lembrança viajar por momentos inesquecíveis, como no momento em que sentimento e sentimentalista se uniram: Torcedores invadem a pista e comemoram junto com Ayrton a sua última vitória em Interlagos, no Brasil, em 1993. Era uma despedida... Ele jamais correria novamente junto do povo que tinha orgulho em dizer: Ayrton Senna do Brasil.


Após sua morte, o nascimento do mito surgiu com força após a descoberta de quem, em segredo, mantinha uma Instituição que leva até hoje seu nome. Para a mesma, Senna doou mais de 400 milhões de dólares, parte de sua fortuna, como deixara em testamento. Milhares de crianças até hoje são "filhos" do projeto, todas no anonimato, como sempre carregou o trabalho que fazia com elas...

Herói feito. Não inventado.

PS: Nessa corrida, faltando poucas voltas para o final, Ayrton Senna teve sério problema no câmbio, restando-lhe apenas a sexta marcha. Carregou, literalmente, o carro até o final com ela e venceu a mais espetacular das corridas que fez.



Obrigado, Ayrton Senna. Obrigado, Herói de Um Povo Sofrido.