29.3.12


Alguns leitores do blog jamais ouviram falar nela. Os moradores de Campo Grande sim. Todos. A maioria já comprou nela, outra grande parte já lanchou em sua lanchonete, mas todos passaram por ela. Mas de quem eu estou falando?

Estou falando da Silbene, a mais famosa papelaria de Campo Grande. Talvez, de toda a Zona Oeste. Mais que isso, um símbolo de um bairro. Ela está para o local como o Cristo Redentor para o Rio de Janeiro, a Catedral para Brasília, os pulmões para o corpo humano. E justamente por ali corria o ar que fazia respirar o charme do maior calçadão da cidade.

Ao final do mês de março, a Silbene encerrará suas atividades depois de 52 anos de atividades. A justificativa? Seu dono, que é turco, está voltando ao seu país de origem. Sem poder mantê-la à distância, resolveu vendê-la. Ainda não sabemos ao certo qual será o futuro do local. Uns especulam que será uma loja de artigos em gerais chineses/asiáticos, tipo os de R$1,99. Outros de que foi vendida a uma rede de varejo, focada em eletrodomésticos.

Parece surreal um post sobre uma loja, mas não é simplesmente um estabelecimento comercial. A importância e principalmente identidade que ela exerce sobre o bairro, não existe em nenhuma outra.

Quem deixa o local, carrega sempre consigo a lembrança de algum dia dela ter participado de um momento da vida. Após cada tarde de dezembro, sob um verão de 39º e um calçadão com mais gente que Leis da Físicas para explicarem, onde iremos lanchar? Onde nossos irmãos, filhos ou netos irão passar manhãs e finais de semana pesquisando materiais para os trabalhos da escola, como fizemos um dia? Onde nós poderemos subir escadarias tradicionais e que guardam lembranças, para fazermos os mais simples serviços que fazemos em qualquer esquina, mas só ela faz com perfeição?

Agora a pergunta final: Como será Campo Grande sem a Silbene nos seus próximos 50 anos?